Há em Portugal uma mentalidade autárquica que me consegue deixar sempre perplexo.
Os autarcas portugueses já tinham inventado, para os períodos pré-eleitorais os cartazes onde se escreve ‘local destinado a …’
Como acham que os munícipes que repetidamente os elegem só podem ser amblíopes, aumentam absurdamente o tamanho desses cartazes até ao ridículo.
Este fim de semana ao chegar a Queluz deparo com este gigantesco cartaz a indicar que um assunto que é da exclusiva responsabilidade da autarquia, estava a ser tratado pela autarquia.
Excelentíssimo senhor presidente da junta de freguesia de Queluz:
O que o leva a colocar aquele cartaz, daquele gigantesco formato ali?
Desfazer a dúvida metafísica dos seus munícipes que acham que a responsabilidade dos espaços verdes e das vias urbanas é da Caritas portuguesa, ou da liga portuguesa contra o cancro?
Já há uns tempos falei aqui de Stuart Carvalhais
Onde eu gostava de ver aquela placa absurda não era na rotunda da GNR.
Era em frente à casa que foi de Stuart Carvalhais e evitar a sua mais que previsível ruína.
Queluz sempre tratou mal os seus habitantes mais ilustres.
Rui Belo fez grande parte da sua produção literária enquanto viveu em Queluz (nas duas épocas em que lá viveu), mas Queluz prefere ignorar olimpicamente o seu nome.
Stuart Carvalhais viveu longos anos em Queluz, numa época em que Queluz era menos que uma pequena vila.
No tempo em que Queluz era uma espécie de família grande e ele uma figura incontornável da terra.
O seu painel no parque infantil (também ele completa e tristemente esvaziado) está meio destruído depois de alguns retoques que até a assinatura lhe taparam.
A sua casa arrasta-se para a ruína total.
Muito eu gostava de ver aquela placa a dizer que a reconstrução da casa do Stuart estava a cargo da junta de freguesia de Queluz.
Isso sim, uma informação útil e desejável.
Escrito por Carlos no blog Dias que Voam
Não só a casa de Stuart de Carvalhais, deve ser recuperada como a criação de um Museu em que se acolham as suas obras na freguesia de Queluz.
Também a criação de uma Casa da Cultura para que seja também instalado o Museu do Relógio, entre outras necessidades desta freguesia a nível patrimonial e cultural.
Desde que as entidades o queiram tudo é possível, mas, se fizerem ourelhas moucas como até aqui, vai-se continuar a assistir ao desaparecimento da memória colectiva dos Queluzenses.
Manuel Guedelha
[...] Público da cidade de Queluz no concelho de Sintra, Lisboa, Portugal. Veja o post completo clicando aqui. Post indexado de: [...]